16 de maio de 2012

Entrevista com a Dra. Lúcia Bossois sobre a Vacinação contra a Gripe


Vacina contra a gripe não causa a doença e adultos devem se proteger

Gustavo Ribeiro | Ciência e Saúde | 12/05/2012 01h10

Muitas crenças equivocadas sobre a vacinação contra o vírus da Influenza A, causador da gripe combatida de 5 a 25 de maio pelo Ministério da Saúde, têm diminuído as estimativas da Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, que objetivava, na fase de implantação, imunizar cerca de 24 milhões de brasileiros. Para se ter uma ideia do efeito negativo provocado pelos mitos instaurados no imaginário popular, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro divulgou, na quinta-feira, que apenas 12% do público-alvo havia sido vacinado nos quatro dias iniciais da campanha no estado.

Mais de 65 mil postos de saúde de todo o Brasil estão aplicando a vacina, que combate a Gripe A e a gripe comum, em idosos com mais de 60 anos, crianças entre seis meses e dois anos de idade, gestantes, detentos, indígenas e profissionais do setor médico. O prazo para tomar a dose e garantir proteção contra a doença é até o próximo dia 25. O grau de proteção assegurado aos idosos é de até 60%.

Para melhor entender os possíveis riscos apresentados pela composição do antídoto contra a influenza, o SRZD conversou com a pediatra e alergista Lúcia Bossois, especialista em epidemologia da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que tratou de desmentir as bobagens compartilhadas pelo senso comum em relação aos supostos sintomas de gripe causados pela medicação. "A vacina oferece proteção contra o vírus da influenza. Os sintomas semelhantes à gripe relatados pelos pacientes que receberam a dose nada têm a ver com a vacina, porque ela é feita com vírus morto".

Outro problema relatado pela doutora é o fato de a campanha ser direcionada a uma estreita faixa etária. Para ela, a população adulta, que representa a maioria, também corre riscos de disseminar uma epidemia, como ocorreu no último ano, em que todos estavam suscetíveis ao contágio. A especialista alerta que todos podem ter acesso à vacinação. Basta que procurem uma clínica particular credenciada pela Vigilância Sanitária. O custo médio é de R$ 60. "Recomendo que os acompanhantes de idosose crianças  façam a vacinação. O mais importante é ter certeza de que a clínica tem autorização da Vigilância Sanitária para oferecer a vacina, porque muitos consultórios sem fiscalização armazenam o medicamento em redes de frio sem termômetro ou junto com comida", afirmou.

Reações Adversas

A médica explicou ao SRZD que, durante o inverno, é comum o aparecimento de alergias respiratórias, rinites alérgicas e viroses, que acabam confundindo com a gripe. Além disso, ela também ressaltou que as únicas reações possíveis de surgirem após a aplicação muscular são dor e vermelhidão no local. Raros casos de febre foram observados.

Contraindicações

As únicas restrições para se prevenir contra o H1N1 são pessoas alérgicas a ovo,aos componentes da vacina, febris com temperatura superior a 37,5º ou que ainda apresentem alguma infecção ativa. Portadores da síndrome de Guillain-Barré, caracterizada pela perda da membrana que envolve os nervos, também não podem ser imunizados. A doutora avisa que as grávidas não possuem contraindicação e é muito importante que elas compareçam aos postos de saúde para  se proteger, porque a Gripe A pode causar abortoe complicações muito sérias!

Prevenção

"Evitar lugares aglomerados" é a principal recomendação para evitar o contágio do vírus H1N1, da mesma forma como se previne a gripe comum. "A gripe A pode complicar com pneumonias e outras doenças que podem levar à morte, o que raramente ocorre com a gripe comum", salientou a alergista.

Entrevista concedida no dia 12/05/2012